|OPINIÃO| No próximo dia 12 de Dezembro, Charles Oliveira, o Do Bronx, vai encarar El Cucuy, Tony Ferguson, no UFC 256 na luta da sua vida.

É oportunidade ou desafio?
No co-evento principal do UFC 256, que vai rolar em Las Vegas, no UFC Apex, Charles Oliveira, o Do Bronx, vai ter a maior oportunidade de sua carreira ao enfrentar o americano Tony Ferguson, também conhecido como El Cucuy, pela categoria dos Leves (até 70kg). O evento terá como luta principal a disputa de cinturão Peso Mosca entre Deiveson Figueiredo e Brandon Moreno.
Charles vinha fazendo barulho desde que derrotou Kevin Lee em março para conseguir um adversário bem ranqueado, já que com essa vitória conquistou a sexta posição no ranking dos Pesos Leves do UFC (até 70kg).
Graças a sua campanha intensa, Do Bronx foi escalado para pegar o número três do ranking dos Leves, Tony Ferguson, no UFC 256. A questão é que Ferguson é um dos atletas mais perigosos que já pisaram nessa categoria de peso e, para muitos, foi por alguns anos (talvez até hoje seja) a maior ameaça para o atual (será?) campeão dos Leves, Khabib Nurmagomedov – atual número 1 peso por peso do UFC.
Retrospectos Recentes

Charlim vem de sete vitórias seguidas sobre nomes relevantes da categoria, sendo que sua última vítima foi Kevin Lee, atual 11 da divisão – que na época era o 6º no ranking da categoria, que venceu através de uma guilhotina bem justa.
Guilhotina essa que não é um evento isolado. Charles tem o maior número de finalizações dentro do UFC – o que implica duas coisas: 1) ele é bom de chão, tipo..ele é MUITO bão no chão 2) ele já lutou muito no UFC. E isso é uma enorme verdade, principalmente se compararmos quantas lutas os dois atletas (Tony e Charlinho) já fizeram dentro do evento 17 X 26. Oliveira pode não parecer, por sua idade (31 anos) mas ele é mais veterano que o veterano Ferguson (que tem 36) e já figura no topo da categoria faz tempo.
Do Bronx se tornou uma ótimo trocador, graças aos treinos precisos da galera da Chute Boxe que refinaram seus punhos, cotovelos, pernas e cotovelos – das últimas três vitórias do brasileiro, duas foram por nocautes bem impressionantes.
Agora, falando sobre Ferguson, temos uma aberração da humanidade. O Bicho Papão, tradução livre para o apelido ‘El Cucuy’ que ele tem, é um ser humano diferenciado. Detentor de uma resistência física imensa, poder de absorção e força de vontade fora dos padrões comuns, Tony geralmente vence seus adversários pelo cansaço – e quando perde, vai até às últimas consequências, como foi na sua última batalha, contra o ex desafiante ao cinturão da categoria, Justin Gaethje.
Tony costuma ser brutal e em todas as suas lutas – sendo vitórias ou derrotas, ele destrói seus adversários com seus golpes poderosos e cortantes (aquele cotovelo realmente parece uma navalha). Não houve um adversário que não saísse seriamente ferido e sangrando. Seu estilo de ‘slow starter’, o cara que demora a acelerar, é um clássico, pois dá a seu oponente uma falsa sensação de possibilidade de vitória.
Pode procurar, existem imagens de seus adversários com olhares perdidos ainda durante a luta, mas depois que o El Cucuy realmente começou a lutar.
Enquanto é assustador no campo da trocação, o americano é imprevisível quando se trata de grappling. Suas finalizações são famosas, principalmente quando você descobre que sua base, como lutador, era a luta olímpica e que ele se tornou faixa preta de JJB pelas mãos de uns dos maiores técnicos de jiu jitsu da atualidade, Ed Bravo.
Enfrentando o Bicho Papão

Uma vez que você parar para observar as estatísticas físicas dos dois, vai notar que Ferguson é um pouco mais alto (1,82 x 1,77) e tem o alcance superior (1,88 x 1,93). Mas seus corpos são bem parecidos; compridos, longos e magros.
Charles está vindo de uma série de vitórias, está empolgado e com a moral na lua, o que é bom e importante para se ir numa luta tão importante – a mais importante. Contudo, do outro lado do octógono temos Tony Ferguson, o cara que venceu sete lutas contra os maiores pesos Leves do UFC, esteve escalado 4 vezes para disputar o título da categoria e perdeu a última, e mais importante luta de sua carreira, na rodada anterior. Ele deve estar espumando e querendo por toda sua frustração para fora.
Claro, é importante contarmos com a quilometragem que cada atleta tem até agora. Mesmo que Charles Oliveira tenha mais lutas que Tony, ele teve combates menos extenuantes, mesmo nas derrotas, enquanto seu adversário sempre deixou sua alma e corpo dentro do octógono. Ferguson já apanhou muito, sua última luta é um exemplo disso.
Sério, ele tava todo arrebentado e continuava indo pra frente, só parou porque o árbitro interrompeu.. o bicho não ia parar não!
A característica de começar mais lentamente de Ferguson, que por mais que possa ser superada por ele (como demonstrou contra Gaethje, ao tentar acelerar o ritmo da luta no início) é uma vantagem para Oliveira que luta, mais ou menos, no mesmo ritmo durante a luta toda.
Contudo, com três rounds de luta o cansaço, que não é algo que costumamos ver com estes dois lutadores, não deve ser um problema. Mas um começo lento pode sim ser. Mesmo assim Ferguson é um trocador melhor que Charlies, mesmo que o brasileiro tenha melhorado muito nessa área ele ainda é menos experimentado nessa área que El Cucuy.
A vantagem do brasileiro é mais clara no chão, onde ele é mais inventivo, preciso e habilidoso que o americano. Chegar lá pode ser um problema, mas com a abertura do ‘início lento’ do adversário, Charlinho pode ter uma janela para feri-lo e derrubá-lo.
Apesar disso, Ferguson é um monstro, se der espaço ele pode te comer. Sua resistência pode estar igual e ele suporta o turbilhão inicial que Charles pode tentar proporcionar. E se essa luta não for levada para o chão, as chances do brasileiro diminuem drasticamente.
Charles Oliveira vs Tony Ferguson, e ai?

Depois de falar tanto sobre os dois eu até mudei um pouco de opinião (rs).
A luta promete ser imprevisível e muito tensa. Se Tony não tiver perdido resistência depois de seu último combate e tentar acelerar as coisas, como fez no mesmo, a vida de Charlinho vai ficar muito mais complicada.
Mas se Charles conseguir impor seu jogo ainda no começo da luta, usando jabs e chutando em baixo, variando as instâncias de golpes, ele pode conseguir uma queda – e com o maior finalizador do UFC, uma queda é o suficiente. Ainda assim é importante ficar atento com El Cucuy no chão, ele é muito bom também.
Para mim, essa luta está num 55 a 45 para o americano. Acho ele mais resistente e capaz de mudar seu jogo pra surpreender Do Bronx. Mesmo assim, Charles tem janelas de oportunidade diferentes e muito claras, principalmente no chão, se tiver numa posição de dominância.
Vou torcer pra ele, mas contra o bicho papão, nada vem fácil. E vocês, o que acham? Concordam? Discordam? Preferem não opinar para não gerar expectativa? Estejam livres para comentar aqui!
Espero que tenham curtido a leitura, um abraço e até a próxima.
Escrito por Rodrigo Carvalho
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