|OPINIÃO| UFC: Valentina Shevchenko concorda em duelar com Jéssica Andrade, a Bate Estaca, pelo Cinturão do UFC.
Cinturões em Jogo
Realizado no dia 21 de Novembro de 2020, o UFC 255, aconteceu em Las Vegas, Nevada, no UFC Apex, preparado estritamente para comportar os eventos da empresa.
Com lutas empolgantes, queda e nascimento de ícones do esporte, o evento se consagrou com duas disputas de cinturão. Deiveson Figueredo finalizou Alex Perez, o desafiante ao título dos Pesos Moscas (até 57kg) enquanto Valentina Shevchenko dominou e, venceu por Decisão Unânime (triplo 49-46) Jennifer Maia, a desafiante, pela categoria dos Pesos Moscas Femininos (Até 57kg).
Bullet domina mais uma vez no UFC 255
A quirguistanesa, detentora de, agora, 4 cinturões do Peso Mosca Feminino (categoria até os 57kg) deu novamente um show.
Bullet, como Valentina é conhecida, venceu 4 rounds dos 5 totais imprimindo um jogo de pressão misturando entradas de quedas – muitas dessas convertidas efetivamente, e variação de golpes e ângulos.
Sua adversária, a brasileira Jennifer Maia, foi valente e marchou para frente o tempo todo, usando sua grande resistência e força física ela conseguiu angariar um round da campeã, quando a derrubou e dominou a rival no chão levando perigo para a detentora do título por várias vezes.
Foi o primeiro round perdido por Valentina desde que se tornou campeã do maior evento de MMA do mundo.
Dana White sugere sequência
Durante a conferência pós UFC 255 Dana White, o presidente do evento, declarou que enxergava Jéssica ‘Bate Estaca’ Andrade como uma provável próxima adversária de Bullet.
“Eu acho que Shevchenko vs (Jéssica) Andrade é uma luta muito divertida. O que eu amo nessa luta é que Shevchenko está em um ponto em sua carreira onde ela precisa de um oponente que as pessoas acham que realmente tem uma chance de vencê-la, e acho que nós todos sabemos que Andrade pode”, disse Dana White.
A declaração gerou uma resposta quase imediata da campeã incontestável do Peso Mosca Feminino, que ao ser perguntada sobre a declaração respondeu que apesar de não apreciar o casamento sugerido faria a luta.
“Eu aceito qualquer adversária que colocarem na minha frente. Mas acho que o mais justo seria Jessica Bate-Estaca e Lauren Murphy se enfrentarem, mas não quero esperar tanto tempo, porque elas lutariam daqui a alguns meses, e eu enfrentaria a vencedora após mais alguns meses. Não pretendo esperar tanto, então por que não enfrentar Jéssica? Por mim, tudo bem”, cravou Valentina ao repórter do Canal Combate que a entrevistava
Análise Resumida de “Jéssica Bate Estaca” Andrade

Antes de falarmos sobre técnica e habilidade, é importante comentar sobre um detalhe importante sobre a carreira e sobre a própria Jéssica. Ela é forte. E é bruta. Com seus 1,56 de altura e 1,57 de envergadura a moça competia contra atletas pelo menos 10 cm mais altas, no Peso Galo (até 61kg). Pois é, vocês conseguem imaginar ela de frente contra lutadoras do porte de Holly Holm, Amanda Nunes e Ronda Rousey? Pois é, eram da mesma categoria. E mesmo lá, quando era menor, com menor alcance e mais leve, ela ainda se destacava por esse detalhe; sua força bruta ímpar.
Jéssica só mudou de categoria depois de sete lutas batendo 61kg, com um retrospecto de 4 vitórias e 3 derrotas – dados que podemos considerar algo positivo, dada as diferenças de alcance, tamanho e peso.
Em 2016 tudo mudou. com a criação da categoria Peso Palha (até 52kg), Jéssica encontrou sua categoria, onde todo mundo era do seu tamanho e ela, reinaria usando o que tem de melhor: sua brutalidade e força.
Lá, nos Palhas Feminino, Jessiquinha fez 11 lutas e só foi derrotada por detentoras de título, por desafiantes ou por ex campeãs. Isso quer dizer que ela tem 3 derrotas e 8 vitórias, sem contar que conquistou o cinturão da categoria.
A força é a base do seu jogo, mas ele é aliada a uma resistência fora do comum. Bate Estaca é faixa preta de JJB e isso se reflete muito na sua forma de lutar. Ela marcha para frente lançando golpes circulares, geralmente cruzados, que se não desmontam seu alvo o faz se abrir para que ela possa aplicar suas quedas emblemáticas. Sempre buscando alguma variação de um single leg, ela arremessa suas adversárias no chão ou pelo menos as derruba.
Ainda assim, após suas duas últimas lutas, Rose Namajunas e Kayltin Chookagian, ficou claro que ela conseguiu evoluir ainda mais no campo da trocação. E isso se enfatizou, principalmente, após a derrota para Namajunas, que além de ser um decisão dividida (Split Decision), para muitos, ela superou sua adversária com um eficiente jogo de trocação.
Em resumo, Bate Estaca, funciona como um tanque de guerra, marchando até seu alvo e o brutalizando, seja com cruzados poderosos ou com quedas explosivas – que geralmente surgem próximo a grade, deixando suas adversárias abertas para guilhotinas, mata leões e armlocks devastadores
Análise Resumida de Valentina “Bullet” Shevchenko

O arsenal de técnicas da campeã dos Moscas Feminino do UFC é absurdo, mas quando você descobre que se trata de uma multi campeã de Kickboxing e Muay Thai (sério são 8 títulos em quatro pesos diferentes num período de 11 anos + 9 medalhas de ouro pela IFMA além de ser campeã do WMC, dentro do Muay Thai), além de ser faixa preta, de 3º dan em Taekwondo, percebe o quão habilidosa e técnica ela pode ser fica difícil de imaginar alguém, em TODO o UFC que tenha mais gabarito que ela dentro desse quesito.
Isso mesmo, você leu corretamente: fica difícil de imaginar alguém entre homens e mulheres, que seja mais gabaritado e técnico que ela quando o assunto é trocar porrada insanamente.
Claro, nesse momento você – Leitor, deve se perguntar “Ok, ela é um esculacho na trocação, mas no chão deve ser uma faixa branca, né?”
E é ai que você se engana, meu caro amigo leitor. O chão da campeã foi e, ainda é, muito bem construído e desenvolvido pelo pessoal da Tiger Muay Thai. Pode não parecer pelo retrospecto recente de Bullet, que é faixa preta de Judô, pois desde que pegou o cinturão dos Moscas, não dá o ar da graça nessa área, mas no UFC contabiliza duas finalizações apenas. Mas sua carreira começou bem antes disso e finalizar suas adversárias era um dos caminhos mais comuns para a vitória – Valentina tem 5 vitórias por finalização e 5 por nocaute fora do UFC.
Depois de saber disso tudo, acho que você agora pode ter uma certeza, certo? Bullet é super eficiente e pode vencer de qualquer forma!
Exercício de Imaginação: Jéssica Andrade vs. Valentina Shevchenko
Consigo imaginar um cenário interessante. Devido ao jogo que Jessiquinha precisa impor, principalmente numa categoria onde tende a ser menor que todas suas adversárias, ela vai precisar se aproximar.
Valentina por sua vez, é maior, mas técnica e tem experiência em manter adversárias perigosas longe – ou perto a ponto de derrubá-las.
Sabendo disso acredito que a campeã deve tomar uma de duas atitudes: 1) pontuar a distância, se movimentando com timing, entrando e saindo, sempre deixando golpes e punindo a Andrade a cada movimento errado. 2) Como fez contra Jennifer Maia, a campeã encurta e converte quedas usando jogadas de corpos, muito comuns no Judô, para dominar a adversária no chão sem correr tantos riscos.
O primeiro cenário é o mais perigoso para a possível desafiante, pois Jéssica não lida bem com atletas que a toquem muito e ficam fora do seu raio de alcance. O tamanho e a velocidade da campeã é uma barreira difícil de ser quebrada e, sua movimentação torna isso ainda pior.
Andrade vai precisar engolir muitos golpes antes de se aproximar o suficiente para começar a pensar em contra golpear. Valentina pode não ter o mesmo punch que a brasileira, mas o acúmulo de danos e sua precisão superam a força bruta rapidamente. Nesse cenário não acredito que haja uma saída que não atingir uma mão certeira na atual campeã e conseguir deixá-la realmente ferida com isso. Mas é essa a vantagem da força bruta, certo? Podemos acreditar. Dito isso, 70 a 30.
Agora, quando falamos do segundo cenário as coisas mudam um pouco. Vimos, também contra Jennifer Maia, que Valentina não lida TÃO bem contra adversárias fortes e que imprimem bem esse tipo de jogo. Ao se aproximar a campeã encurta o espaço e dá a desafiante aquilo que ela precisa. É nesse momento que Jessiquinha pode aplicar o bom e velho estrago de seus cruzados curtos, mesmo que pare ela sejam alongados, como overhands.
A brasileira também pode ser capaz de reverter a queda na base da força + técnica, colocando a quirguistanesa por baixo e deixando-a em maus momentos. Por cima, ou com o domínio das ações numa luta agarrada – talvez indo para a grade, nossa compatriota poderia por o que tem de melhor para fora e isso seria um enorme diferencial contra a atual Campeã. Dito isso, tomando esse cenário como possível, para mim o combate seria 55 a 45 para Valentina Shevchenko que ainda precisaria cometer alguns erros e Jéssica que precisaria ser perfeita aproveitando esses erros, além de implementar impecavelmente seu jogo.
Conclusão Final
Olha, é difícil de imaginar essa luta e não pensar “Rapaz, que porradaria insana das boas”.
A luta não está nem marcada ainda mas eu já considero demais! E acho que vocês também devem pensar assim.
Eu acho que a Valentina deve vencer, mesmo com os dois cenários que apresentei, mas o segundo é especialmente plausível que a Jessiquinha abocanhe outro cinturão para sua carreira.
Mas abro esse espaço para vocês: concordam comigo? Discordam? O que acham? Comentem e não deixem de seguir nossas redes sociais, lá você encontra vários outros artigos maneiros sobre MMA, dai podem curtir e compartilhar com seus amigos que gostam de ver uma boa pancadaria dentro das regras do nosso tão querido MMA.
Um abraço, espero que tenham curtido essa análise e até a próxima!
Escrito por Rodrigo Carvalho
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