Oi amigos, eu to sumidão por aqui, essa situação de pandemia não tá sendo fácil, mas depois de ontem, não deu pra ficar parado. O Charlinho, meus amigos, o Charlinho fez muito mais que vencer uma luta pelo título.
Hoje queria falar sobre o UFC 262, encabeçado pela disputa pelo cinturão vago do Peso-Leve categoria até 70kg, entre Charles Do Bronx e Michael Chandler, que rolou no Texas, no Toyota Center, em Houston (a cidade do quartel general da Nasa).
Ontem vimos algumas coisas incríveis, sério, não é todo dia que vemos um nocaute com golpe na cabeça com delay, como o Edson nos presenteou, ou que vemos um rei sem coroa perder sua majestade, mas, ontem aconteceu algo ainda mais incrível.
Charles Oliveira, o Do Bronx, o Carlhinho, ou Charlin, como eu costumo escrever (rs), mostrou muito mais do que a evolução de uma carreira inteira. Foi mais que treino, foi mais que resiliência. Ontem Oliveira, como os estadunideneses e gringos no geral falam, nos deu uma rara oportunidade de ver como o que uma oportunidade pode mudar uma vida.
Esse cara veio do nada, da miséria, como milhões de brasileiros e/ou pessoas do mundo inteiro. Pessoas que só precisavam de uma oportunidade para mostrar que podiam mas nunca tiveram. Ele teve, e nossa, foram tantas pedradas e tristezas que muitos de nós achávamos que ele não ia conseguir.
Mas ele conseguiu.
O cara subverteu não apenas os problemas no octógono, ele subverteu a própria expectativa que o mundo tinha sobre ele. Quem é que acha que um favelado vai ser campeão mundial até ele ser? Quase ninguém. Ele mostrou que com uma oportunidade, com pessoas que acreditam em você, você pode evoluir, pode aprender, se desenvolver e se tornar aquilo que você sempre quis.
#AFavelaVenceu

Oliveira vs Chandler UFC 262
Ok, vou deixar a emoção de lado aqui e tratar com a razão que um artigo precisa.
Charlin conquistou o mundo, mas não sem um pouco (até demais) de emoção.
Ele não venceu qualquer um. Aliás, depois de enfrentar os melhores e ter duras lições, ele renasceu realmente.
Michael Chandler, seu oponente, é um wrestler condecorado da primeira divisão americana, ex campeão da mesma faixa de peso (leve, até 70kg) do Bellator e um monstro quando se trata de competições de MMA. O cara alia a força bruta, pujança física e mão pesada a uma espetacular habilidade na luta olímpica.
Um artista marcial polivalente com 22 vitórias no currículo, sendo que 17 deles por vias rápidas, sendo 10 nocautes e 7 finalizações. E isso só prova como ele é perigoso, fora o fato de ter vencido dois ex-campeões do peso leve do UFC e ter batido de forma brutal o até então quarto do ranking Dan Hooker com um nocaute brutal.

O Charles Oliveira, todo mundo já conhece, mas para os que tão chegando agora, ele é um lutador brasileiro, 31 anos, de origem humilde pra cacete e que está no UFC desde 2010. O cara tem 40 lutas nas costas, 32 delas dentro do UFC.
Ele lutou contra alguns dos melhores do mundo nesse meio tempo e graças a isso bateu o record de finalizações da organização. Se liga na listinha:
O Charlin é:
- O maior finalizador que o UFC já viu, tendo feito 14 pessoas baterem ou dormirem;
- Sendo que é o maior finalizador do peso pena (até 66kg) que o UFC já viu, com 6 vítimas;
- O atleta que mais vezes venceu uma luta pelas vias rápidas, sem ir para a decisão, com 17 vitórias dessa forma;
- O cara com a maior porcentagem de acertos por vitórias, com mais de 93% de aproveitamento;
- Dono do segundo lugar em prêmios pós lutas do UFC, com 17 bônus no bolso (Atrás de Donald Cerrone que tem 18);
- Dono de 11 prêmios de Performance da Noite;
- Dono de 3 prêmios por Finalização da Noite;
- Dono de 3 outros prêmios por Luta da Noite.
Sim, tudo isso, com 31 um anos e, talvez, nem tendo atingido seu auge físico e técnico.

Charles Do Bronx tem luta Tensa
Apesar do currículo impressionante, como já dito, situações complicadas acontecem e, hoje, durante a luta principal do evento UFC 262 não foi diferente – mas talvez o passado tenha sido a base sólida que fez o ‘menino charlinho’ prevalecer.
A luta transcorreu como era de se imaginar, com o brasileiro tentando manter a distância com chutes, pisões e joelhas.
Um ponto positivo são os chutes baixos que Charles do Bronx vem usando com maestria, potentes eles tornam a vida dos adversários bem complicadas.
No entanto, como advertiu Patrício Pitibul, último algoz de Michael Chandler, e duplo campeão, peso pena e leve (66 e 70kg) do Bellator, deixar Chandler confortável, tomando as ações e andando para frente é perigoso.
Os chutes do brasileiro logo foram dominados com o timming do americano que impós seu jogo de trocação, que ou era um contra golpe forte antes dos chutes baterem ou um ataque preciso no corpo de Charles.
Assim logo azedou quando o tanque de guerra, também apelidado de ‘Iron’, que é Chandler, encurtou a distância e desferiu dois cruzados. Um deles pegou na guarda, mas o segundo, mais forte, atingiu o rosto do brasileiro que sentiu e entrou em queda imediatamente.

Essa queda foi plástica e fácil, pela técnica do brasileiro e pela guilhotina encaixada que o americano tinha. Mas, também pela técnica, Charles coseguiu se desvenciliar do ataque e dominou as ações por cima.
Era como todos nós queríamos que fosse. E melhorou, quando Michael teve que optar em ser escalado de costas pro chão ou em tentar fazer algo. Ele fez, deu as costas para Charles que rapidamente ajustou a posição, fechou o cadeado com suas pernas na cintura do americano e buscou o estrangulamento na mochilinha.
Chandler levantou e se jogou de costas no chão – o que deve ter dado a ele alguns momentos de paz, pois isso é bem dolorido. Nesse ponto tínhamos certeza que a luta acabaria, Charles é o tubarão dos tubarões no mar que o grappling e tinha sua presa exatamente onde ele queria.
Mas num misto de força bruta, explosão muscular impressionante e técnica, muita técnica, Iron Michael Chandler não apenas se desvencilhou da posição de total desvantagem como conseguiu levantar e tomar a posição de superioridade (ficou por cima).
Apesar do brasileiro levar algum risco com pisões de cima para baixo, Chandler dominou a posição com maestria e aterrissou golpes pesados no Brasileiro que com alguma dificuldade conseguiu se levantar.
E foi aí que aconteceu.

Chandler aplicou um golpe preciso com sua mão mais forte, um cruzado hiperextendido de esquerda que fez Charles do Bronx ir para a grade claramente sentindo – sei que meu coração gelou nesse momento. Na grade, o americano marcou a distância, com a mesma esquerda, e desferiu um direto de direita preciso que fez o brasileiro cair.
Trem do Desespero. Carroça do Susto. Descarrilamento de agonia. Chame como quiser.

Charles do Bronx tentou se proteger, se mantendo ativo e em movimento, pendulando sua cabeça, mas continuou a ser golpeado fortemente pelo americano.
Preciso abrir um parênteses aqui sobre a boa atuação do árbitro Dan Miragliotta teve a frieza de avaliar corretamente que Charlin ainda estava combativo, pois muitos outros árbitros em outras lutas teriam encerrado a luta ali.
Foram por volta de 2 minutos muito tensos, com Chandler por cima atacando de forma contundente, com socos, marteladas e cotoveladas que atingiam o rosto do menino Charlin o tempo todo que sentia e tentava apenas abafar o oponente buscando evitar menos danos.
O round acabou, os dois se levantaram. O brasileiro parecia bem, mas depois disso, quem poderia garantir?
O mundo ao seus pés, Charles Do Bronx é Campeão do UFC 262
Ao contrário do que todos estavam esperando, visto o perrengue sinistro que tinha acabado de passar, Charlin entrou focado.
Tenho que dizer que, após esse dois começos de round, acredito que ele subestimou a potência do americano, uma vez que sua guarda veio alta, fechada e imóvel para o segundo round – como deve ser.
Chandler parecia confiante e isso foi sua ruína. Em um troca, que parecia ser só mais uma, onde o americano levaria vantagem, tudo mudou.
Depois de uma curta troca de golpes, Charles Do Bronx lança um cruzado de direita que é evitado por Chandler, que havia se abaixado para golpear o corpo do brasileiro e tinha obtido êxito, que não esperava que o brasileiro desferisse um outro cruzado, dessa vez com sua mãe esquerda o pegando completamente desprevenido e tirando o equilíbrio de suas pernas.

Chandler foi para trás, bamdo, se apoiando na grande, mas não deu, levou de tudo, direto, cruzado, cotovelada, joelhada até que não conseguiu mais suportar e veio abaixo. Charlin meteu mais alguns golpes com o adversário caído, mas era isso. ERA ISSO.
Dan Miragliotta intercede pela segurança do atleta caído e Charlin se tornava campeão. Charles Do Bronx colocava a categoria mais competitiva, mais numerosa do maior evento do mundo ao seus pés.

A Favela Venceu, o Brasil venceu e sabe quem perdeu? Ninguém, porque a luta foi demais, Chandler se provou incrível e nós, fãs, tivemos uma amostra do que a oportunidade, o trabalho duro e o apoio podem faze.
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Últimos comentários sobre Oliveira vs Chandler, no UFC 262
Charles do Bronx evoluiu muito. Mas seu psicológico foi o que mais cresceu. Ele veio de um momento difícil, onde quase foi nocauteado e mudou tudo.
Mostrou habilidade, foco e sangue frio.
Também parecia menos cansado, no começo do segundo round, que o próprio Chandler, que havia o amassado por quase 2 minutos.
Mostrou precisão, capacidade de se defender, mas também deixou claro que às vezes subestimava seus adversários, o que é muitíssimo perigoso como vimos no primeiro round.
Outro ponto que me chamou a atenção e, que particularmente acreditava que ia acontecer em contrapartida a muitos amigos que acompanham MMA, foi o instinto assassino de Charlin.
Eu tinha certeza que ele não ia buscar uma finalização se tivesse como acabar golpeando, e foi o que aconteceu.
E isso é muito, muito, mas muito importante. Sabe o porquê? Charles Do Bronx sempre foi visto como um jiujiteiro, um cara que ia sempre pra finalizar – e por muito tempo ele foi assim.
Mas hoje, depois dessa luta, ele mostrou que é um lutador de MMA. Ele é imprevisível, e imprevisibilidade põem medo nos adversários.
Agora, falando sobre o Chandler, temos que entender que o cara venceu o primeiro round sim, de forma contundente e que suas qualidades, já citadas aqui, só foram enfatizadas de forma bem forte com essa luta. Ótimo lutador, forte, potente, explosivo e habilidoso ele é sem dúvidas um Top 5 do peso Leve MUNDIAL e deve ser respeitado por isso.

A Conclusão
Ufa, foi isso, acabou. Mais um cinto pro Brasil E eu fico feliz demais pelo Charlin, que sofreu com o UFC e prevaleceu.
Agora, eu tenho um pedido pra vocês – pois é, depois de vocês lerem tudo isso o inconveniente aqui ainda tem algo pra pedir.
Façam o favor de entrar na desgraça do Twitter e do Instagram e sigam o Charles. Ele precisa da gente, ele merece demais isso e, o UFC usa isso como fator decisivo para muitas decisões, então vai ajudá-lo duplamente!
O instagram do Charlin é esse: @charlesdobronxs
E esse é o Twitter: @CharlesDoBronxs